Tempo e publicidade: obstáculos para uma alimentação saudável


Neste série de 4 posts sobre o capítulo 5 do Guia Alimentar, estamos falando um pouco sobre os obstáculos para uma alimentação saudável.

Iniciamos conversando sobre a compreensão e a superação de obstáculos para uma alimentação saudável. No segundo post, falamos especificamente sobre a informação e oferta como dois dos fatores que influenciam o nosso dia a dia. Em seguida, falamos sobre custo e habilidades culinárias.

Confira os outros dois obstáculos trazidos pelo Guia

5. TEMPO

"Para algumas pessoas, as recomendações deste guia podem implicar a dedicação de mais tempo à alimentação (BRASIL, 2014)."

O consumo de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados, recomendação central deste guia, requer tempo da própria pessoa ou de quem, na sua casa, é responsável pela preparação das refeições.

Também encontramos como recomendações que tenhamos horários regulares, locais apropriados, não estar envolvido em outra atividade, desfrutar os alimentos, comer em companhia – aspectos que também demandam tempo de todos envolvidos.

Além disso, a vida moderna é marcada por crescentes demandas e que muitos trabalham mais horas do que o que seria razoável. Temos também um aumento na distância entre as casas e os locais de trabalho ou estudo e o trânsito caótico de muitas cidades subtraem o tempo precioso das pessoas.

O que podemos fazer?

  • Adquirir ou aperfeiçoar habilidades culinárias e partilhá-las com quem você convive.

“Com maior domínio de técnicas culinárias, você poderá reduzir em muito o tempo de preparo dos alimentos. Você ficará surpreso ao descobrir, por exemplo, que o tempo de preparo de um delicioso prato de macarrão com molho de tomate e temperos naturais é de apenas cinco minutos a mais do que você gastaria para dissolver em água quente um pacote de “macarrão instantâneo” carregado de gordura, sal e aditivos (BRASIL, 2014). “

  • Partilhe as responsabilidades. O tempo para todas as atividades, desde a aquisição e seleção dos alimentos até a limpeza de utensílios domésticos e da cozinha, pode ser excessivo para uma única pessoa.

  • Sempre que possível, tente fazer refeições regularmente, comer sem pressa, desfrutar o prazer proporcionado pela visão, aroma, textura e sabor dos alimentos e de suas preparações e partilhar deste prazer com familiares, amigos ou colegas.

  • Reflita sobre a importância que a alimentação tem ou pode ter para suas vidas e conceda a ela maior valor.

“… encare o ato de comer como um momento privilegiado de prazer, não como um fardo. E também: reavalie como você tem usado o seu tempo e considere quais outras atividades poderiam ceder espaço para a alimentação (BRASIL, 2014). “

Como no caso dos demais obstáculos, o que o Guia Alimentar propõe para seus leitores é uma combinação de ações no plano pessoal e familiar e ações no plano da cidadania.

A atuação no plano coletivo, neste caso, seria exemplificada pela defesa de políticas públicas eficazes para diminuir o tempo que as pessoas gastam no seu deslocamento, como o investimento no transporte público e o uso mais racional das vias de transporte (BRASIL, 2014).”

6. PUBLICIDADE

“A publicidade de alimentos ultraprocessados domina os anúncios comerciais de alimentos, frequentemente veicula informações incorretas ou incompletas sobre alimentação e atinge, sobretudo, crianças e jovens (BRASIL, 2014)."

Os brasileiros de todas as idades são diariamente expostos a diversas estratégias utilizadas pelas indústrias de alimentos na divulgação dos seus produtos.

Com base no que veem nos comerciais, crianças e adolescentes, principalmente, são levados a acreditar que os alimentos ultraprocessados tornarão as pessoas mais felizes, atraentes, fortes, “supersaudáveis” e socialmente aceitas ou, ainda, que suas calorias seriam necessárias para a prática de esportes.

Como lidar?

  • Esclarecer as crianças de que a função da publicidade é essencialmente aumentar a venda de produtos, e não informar ou, menos ainda, educar as pessoas.

  • Limitar a quantidade de tempo que as crianças passam vendo televisão é uma forma de diminuir sua exposição a propagandas e, ao mesmo tempo, torná-las mais ativas.

  • Como eleitor, você pode manifestar a seu representante no Congresso a sua opinião sobre a necessidade de projetos de lei que protejam a população, sobretudo crianças e adolescentes, da exposição à publicidade de alimentos!

Todo o conteúdo desta postagem foi retirado do Guia Alimentar para a População Brasileira de 2014, publicado pelo Ministério da Saúde.

Você pode acessar o Guia aqui no nosso site, clicando aqui